Precisamos falar sobre vício em criptomoedas, o novo transtorno do mercado financeiro

Entenda como funciona essa compulsão e como evitá-la

À medida que o mercado da criptomoedas foi crescendo, uma nova e inesperada disfunção surgiu: um vício em criptomoedas, tão prejudicial e alarmante quanto a obsessão por jogos de azar.

É isso mesmo, além de problemas financeiros, atividades com criptomoedas também podem ser prejudiciais à saúde.

Especialistas em saúde mental apontam que esse novo problema é real e cada dia mais preocupante.

Mas para entender o que está acontecendo, vamos descobrir o que é a criptomoeda e como ela pode causar algo tão sério. 🧐

O que são criptomoedas?

A criptomoeda é um pagamento digital mantido por uma rede de computadores que utiliza a criptografia para autenticar transações.

Elas são criadas através de uma rede blockchain, um grande banco de dados de fácil acesso que registra as transações dos usuários. Esse sistema permite rastrear o envio e recebimento de certas informações e garante uma maior segurança no processo.

Além disso, trata-se de uma moeda digital descentralizada, ou seja, não passa pelo controle de instituições governamentais. Ela existe apenas na internet e todas as operações são feitas pelos próprios usuários.

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Como descrever o vício em criptomoedas?

A natureza altamente instável da criptomoeda é a grande responsável por causar dependência, uma vez que os picos de preços proporcionam uma sensação de êxtase. Na mesma medida, muitas quedas podem causar transtornos mentais, como a depressão.

Esse sentimento de prazer que acompanha o sucesso de uma operação é gerado pela liberação de dopamina que a atividade proporciona. Algo normalmente experimentado por quem pratica apostas de alto risco.

Somado a isso, metas ambiciosas também podem contribuir para um comportamento obsessivo. A ilusão de se tornar milionário de forma meteórica e fácil é recorrente. Da mesma forma como é facilmente possível perder tudo do dia para a noite. Essa flutuação pode mexer muito com a mente.

E não é apenas o sucesso que desencadeia um processo compulsivo. Muitas vezes, a fim de recuperar dinheiro perdido em situações catastróficas, o trader inicia uma busca incessante para reverter a situação.

Esse cenário também é um gatilho para desencadear a compulsão, além de doenças como depressão. Pesquisas recentes apontam que 40% das pessoas viciadas em jogos de azar já pensaram em suicídio.

Esses processos podem gerar um vício comportamental. Segundo especialistas, trata-se de uma dependência semelhante àquela por apostas e jogos de azar. As operações passam a se tornar compulsivas.

Vale ressaltar que, diferente do mercado de ações, o mercado de criptomoedas opera sem parar, 24 horas por dia. Isso quer dizer que o tempo todo surgem novas informações para serem analisadas pelos traders, o que pode acarretar em um sentimento de ansiedade.

Eventualmente, o envolvimento diário e a obsessão pelo tema passam a interferir nas relações pessoais e em atividades cotidianas.

Como evitar essa doença?

A verdade é que não existe uma forma concreta de prever se você será vítima desse mal. Porém, estudos apontam que vícios podem ser hereditários. Ou seja, esse comportamento pode ser passado de geração em geração através da genética.

Antes de se tornar um problema, a mineração de criptomoedas pode parecer uma atividade inofensiva. E, de fato, será algo rotineiro e normal para muita gente. Mas há uma virada de chave que pode parecer imperceptível para quem está entrando nesse ciclo vicioso.

Se você é um investidor ativo no mercado de criptomoedas e quer se prevenir, o segredo é realmente se manter atento aos sinais para não se deixar levar.

Listamos abaixo alguns indícios de que o vício é iminente:

  • Passar tempo demais em função da atividade com criptomoeda, seja realizando negociações, analisando gráficos e informações, ou fazendo pesquisas relacionadas ao tema;
  • Tentar parar de realizar negociações de criptomoedas e não conseguir, embora as atividades já estejam afetando a sua vida pessoal;
  • Assumir riscos altos, como o day trade ou investimentos grandes sem estratégia, apenas pelo prazer que a situação proporciona;
  • Perda de interesse em outras atividades e nas relações pessoais;
  • Experiência de estresse, depressão, ansiedade, mudanças de humor, irritabilidade, insônia por ter falhado ou ser impedido de acessar as plataformas de negociação.

Existe tratamento para vício em criptomoedas?

Assim como qualquer outro vício, este é um problema que deve ser resolvido através de acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Também pode ser interessante procurar por grupos de apoio de pessoas que passam pela mesma situação e podem se ajudar entre si.

Apesar disso, trata-se de um problema relativamente novo e pouco levado a sério. Os próprios traders tratam a situação como piada nas redes sociais, embora muitos deles já apresentem comportamentos obsessivos.

O tema passou a ser considerado um problema recentemente, portanto ainda não ganhou muito espaço. As pesquisas sobre esse vício ainda são escassas e poucos especialistas se aprofundaram no assunto. Mas é possível notar que fala-se cada vez mais sobre o tema.

Apesar da pouca seriedade que se dá para o assunto, é importante ressaltar que trata-se de um problema real e sério.

E o primeiro passo para a cura desse vício, assim como o de todos os outros, é reconhecer e optar por se curar. Sem isso, a solução é improvável.

Ao primeiro sinal de compulsão, a recomendação é que você tome medidas práticas para se afastar da atividade. Contudo, é inerente ao vício essa dificuldade de se desvincular dessa operação que é fonte de tanto prazer. Portanto, fique atento aos sinais e não tenha receio em buscar ajuda profissional.

Legislação e vício em criptomoedas

Por se tratar de uma atividade que ocorre exclusivamente no ambiente online, sem um órgão controlador envolvido, o mercado de criptomoedas não possui regras claras ou leis que o regulam.

Isso significa que as empresas corretoras que facilitam o trade podem vender a ideia de enriquecimento fácil para atrair mais usuários, por exemplo. Isso definitivamente contribui para o surgimento de mais pessoas viciadas.

No Brasil, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou em fevereiro deste ano um projeto que reconhece e regula o mercado de criptomoedas no Brasil.

O objetivo é passar a impedir práticas como evasão de dívidas, por exemplo. Mas esse tipo de controle também pode ser um aliado para impedir a desordem e classificar o mercado como um espaço com regras.

O crescimento do vício em criptomoedas avança?

A tendência é que esse problema se torne cada dia mais relevante conforme o desenvolvimento do mercado de criptomoedas avança. 

A plataforma Crypto.com estimou que 221 milhões de pessoas estavam operando no mercado de criptomoedas ao redor do mundo em julho de 2021. Esse número dobrou durante os períodos de confinamento da pandemia.

Segundo o psiquiatra brasileiro, Sergio Rocha, foi notado em 2022 um aumento de internações para tratar de casos relacionados a criptomoedas ao redor do mundo. 

Conclusão

O vício em criptomoedas é real e precisa ser tratado como um problema sério, tão relevante quanto um vício em jogos de azar. Afinal, trata-se de uma atividade que requer responsabilidade e autocontrole.

É importante lembrar que para investir em criptomoeda não há uma receita correta e há riscos como num mercado de ações. Por isso, se você é trader ou conhece alguém que é da área, fique atento aos sinais mencionados ao longo do artigo para evitar problemas! 😉

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